03 fevereiro 2012

Repórter e cinegrafista: sucesso ou fracasso?

Nas aulas, tanto para jornalismo quanto audiovisual, sempre ressalto a importância da parceria entre repórter e cinegrafista na produção de uma reportagem de TV. Quem já é "do ramo" sempre tem histórias para contar, tanto de sucesso quanto de fracasso, dessas aventuras diárias pelas "externas".

Não adianta o repórter ter queixo duro e nariz empinado, tem que entender que a construção da reportagem no "hardnews" depende não apenas dele, mas também do repórter cinematográfico, o "cinegra". E vice e versa. De nada adianta boas imagens se o repórter não conseguir boas sonoras (entrevistas) e um bom texto. E como todo lugar existem bons e maus profissionais, já viu.

Por isso amigo ouça bem, você não vai querer comprar briga com um cinegrafista, vai? A vingança pode ser maligna. Ele  pode cortar sua cabeça na passagem, acidentalmente te deixar com o cabelo parecendo um ouriço do mar, não te contar que fez aquela imagem essencial para a matéria enquanto você estava na padaria da esquina comendo um pão na chapa e um expresso só porque não levou pra ele. Ou na próxima  certeza que o sujeito ficará comendo na padoca enquanto o preso chega na delegacia e você fica sem a imagem.

Na verdade quando você encontra um parceiro na tv, e não apenas um cinegrafista, a reportagem aconrtece. Lembre-se da máxima de que "uma imagem pode falar mais que mil palavras" e em determinadas situações, a agilidade e o profissionalismo faz a diferença.

Certa vez uma amiga repórter em Ribeirão precisou viajar para uma cidade vizinha com a missão de produzir uma matéria para a "rede", a emissora que iria veicular a reportagem nacionalmente. Normalmente para reportagens de rede só são escalados os cinegrafistas mais experientes, como era um final de semana e só haviam plantonistas, lá foram eles. Resumindo a ópera: depois de toda a viagem ida e volta, captação do material, decupagem, edição, a matéria foi avaliada pela rede e não foi exibida por questões técnicas.

Em outra ocasião, um amigo cinegrafista conta que estava em uma cidade próxima a Ribeirão produzindo uma matéria sobre agronegócio e a repórter pediu para que ele fizesse algumas cenas de um canavial. Porém, a repórter estava dentro do carro escrevendo o off (texto que é lido pelo repórter durante a matéria), no ar condicionado, salto alto e não se deu ao trabalho de acompanhar o cinegrafista pelo barro que ali estava. Resumindo a ópera: no instante que o "cinegra" está fazendo a imagem da cana, passa por ali uma caminhonete transportando um urso de forma irregular, numa jaula. Ele não teve dúvida e gravou a imagem, que com certeza seria um furo de reportagem. Porém, não mostrou a repórter, mas sim ao chefe de reportagem na redação, editores e cia. Não preciso dizer o que aconteceu com a repórter.

Por isso amigos, tanto repórteres quanto cinegrafistas, vale lembrar sempre que o melhor caminho É A PARCERIA. Para contar boas histórias e boas reportagens o segredo ainda é a tolerância e o profissionalismo. Pense nisso!




2 comentários:

Fred disse...

Sad but true.
A galera não é nem um pouco unida, não sei se isso só acontece aqui na cidade ou é geral, mas dificilmente existe integração entre as etapas de um vídeo, seja ele jornalístico ou publicitário.

Rodrigo Benetti disse...

Dú, acho que ficou bem explícito no seu raciocínio jornalístico uma lógica: Trabalho em equipe. Assim como o jornalista depende de um bom cinegrafista, sem uma decupagem objetiva, uma boa pauta e principalmente um olhar diferenciado - que pode ser por um simples fato visto por um dos dois, como no caso do urso - não se tem um bom resultado. Sempre achei interessante nas suas aulas justamente isso, a divisão de tarefas fazendo que o todo dependesse de vários braços...Alguns às vezes não funcionavam, o que ajudavam a nos fazer compreender aonde precisávamos melhorar. O belo do jornalismo pra mim é o conjunto da obra, que às vezes fica prejudicado por conta do ego de alguns. Ossos do ofício repórter e professor, de colocar desde a base acadêmica cada foca em seu lugar.

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